A Escola Itinerante de Vinhos, em parceria com o GF Supermercados está chegando no Sul de Minas para a realização do primeiro Circuito Sul Mineiro de Cursos de vinhos, que será ministrado em várias cidades do Sul do Estado de Minas Gerais, pelo professor e consultor de vinhos Horácio Barros, idealizador do projeto Wine World Adventure

Em uma terça, dois dias antes da goleada do Brasil sobre a Argentina, Galvão Bueno, o famoso narrador e apresentador esportivo da Globo, também viticultor, apresentou seus vinhos em um jantar harmonizado, no espetacular restaurante Villa Roberti, de propriedade de Daniel Roberti comandada pelo sommelier Renato Costa, meu primeiro professor.

Figuras importantes da sociedade belo-horizontina estavam presentes. Entre os 80 convidados: Sérgio Sette Câmara, Neylor Lasmar, Nelinho, um dos maiores laterais direitos do mundo, Jaeci Carvalho, colunista de esportes do Jornal Estado de Minas e sócio da F3X, Marcio Marson Diretor da Bueno Wine e Fabiano e Adriane Fernandes da F3X, comandados pelo Galvão Bueno, fizeram uma bela apresentação do Grupo Bueno e de seus vinhos.

A ousadia de Galvão Bueno de ter adquirido um vinhedo (Estância Bella Vista) em uma nova região vinícola do Brasil, Fronteira Gaúcha, Candiota, foi parar na compra de outra vinícola em Montalcino -Toscana- Itália e na contratação do “craque” enólogo italiano Roberto Cipresso. É isso mesmo: um brasileiro elaborando Brunellos, em solo italiano, na Tenuta Bueno. Muita ousadia e coragem…

A paixão pelo vinho iniciou-se em suas andanças pelo mundo, narrando futebol onde a seleção canarinho passava. Galvão Bueno teve a oportunidade de degustar e conhecer estilos de vinhos por todo o mundo, apurando seu paladar e conhecimento.

Esta paixão, conhecimento e ousadia converteram-se em realidade com a compra de um vinhedo em 2013 na fronteira com Uruguai, onde as uvas colhidas são transportadas para a vinícola Miolo, Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves para a sua vinificação.

Para receber os convidados um espumante atípico foi servido. Atípico pois foi elaborado em corte de uma uva tinta da Borgonha, a Pinot Noir acompanhada das castas Merlot e Cabernet Sauvignon de Bordeaux recebeu o nome de Bella Vista Rose Desirée, Brut… Nome este, Desirée, em homenagem a sua esposa. Um bom exemplar, elaborado pelo método Charmat, apresentou-se no nariz: fresco, agradável, com aromas de flores. Na boca:estruturado e encorpado para um Rosé. Acidez bem posicionada, equilibrada com a leve doçura, que “casou” muito bem com o Tartare de Salmão. Uma bela entrada para mostrar o que estava por vir, nesta noite.

Enquanto Galvão, com seu tradicional entusiasmo, descrevia sua história e seu empreendedorismo na área da viticultura, o segundo vinho, o Bueno Cuvée Prestige Brut foi servido.

Agora, mudamos de patamar. O Prestige, elaborado pelo método tradicional (Champenoise), mostrou que briga com os grandes Champagnes, com as melhores Cavas espanholas e os melhores espumantes de Valdobbiadenne, Itália.

Galvão comentou e concordo que o Brasil atualmente é o quarto país mais importante do mercado internacional, quando o assunto é o espumante.

Este vinho, safra de 2001, foi elaborado com 50% de Chardonnay e 50% de Pinot Noir. Um belo perlage, encorpado, com aromas e sabores de pão tostado. Complexo. Um gigante. Um espumante que bate muitos Champagnes. Minha nota: 90 pontos (excelente). E a nota aumentou mais 1 ponto quando foi servido vieiras grelhadas com fambroesa fresca e palmito pupunh. Uma bela harmonização, equilíbrio perfeito entre o vinho e o prato.

O terceiro vinho da noite surgiu. O Buelo Paralelo 31 (alusivo a latitude da região vinícola da Campanha Gaúcha) que no início do projeto foi elaborado por uma dos mais famosos winemakers do mundo, o francês, Michel Rolland.

Michel definiu que em seu corte (“assembllage”) a Cabernet Sauvignon seria a uva predominante e a Merlot e Petit Verdot entrariam como coadjuvantes – típico corte bordalês da margem direita do Gironde.

Os anos se passaram e Galvão contratou um outro enólogo, o italiano Roberto Cipresso. Ele alterou a proporção da “assemblage” com a presença predominante da Merlot (50%) e as tintas Cabernet Sauvignon (42%) e 8% de Petit Verdot. Uma troca da margem esquerda para a direita, (os tintos de Bordeaux da margem direita, (Saint Emillion) onde a estrela é a Merlot e do lado esquerdo, em Médoc, a Cabernet Sauvignon entra em maior proporção no corte bordalês.

Uma boa troca, pois a Merlot entre as tintas é a que melhor se adaptou aos solos tupiniquins, onde amadurece bem, o que ajuda a aportar mais maciez aos tintos de corte.

Este vinho se apresentou no visual de cor vermelha, quase opaca. Viscoso. Na boca, aveludado, encorpado, taninos de qualidade, macios e já domados. Retrogosto longo. Muito bom. 89 pontos. Acompanhou bem com o “Primo Piatto” ( Primeiro prato) – Ravióli Recheado com galinha d’angola ao molho de cogumelos E Ora-Pro-Nobis.

O quarto vinho da noite foi o Bueno La Valletta Sangiovese elaborado na vinícola italiana de propriedade de Galvão Bueno, na bela Toscana, em Montalcino.

Mais uma surpresa e mais uma ousadia de Galvão, um Sangiovese puro, mono-varietal (100% de Sangiovese Grosso), uva caprichosa que na maioria das vezes precisa ser ajudada em corte com tinta Canaiolo e ou com as brancas Trebbiano e Malvásia, comum nos vinhos Chianti, podendo também entrar em corte com a Merlot, especialmente nos vinhos de Bolgheri.

O La Valleta se apresentou na boca com uma acidez muito bem posicionada, típica dos vinhos italianos. Macio. Grande corpo. Complexo. Retrogosto longo, persistência olfativa-gustativa complexa. Excelente. 90 pontos. Harmonização perfeita com medalhão de filé acompanhado de risoto de funghi.

O espumante Rosé Desirée voltou no final da noite para acompanhar a sobremesa – Panna Cotta de baunilla com coulis de frutas vermelhas para fechar com chave do ouro.

Parabéns Galvão. Parabéns Villa Roberti. Parabéns Renato Costa pela harmonização.

Os vinhos são encontrados em Minas, na F3X – Representante oficial da Bueno Wines, em Minas – com Fabiano Fernandez – fone (31) 9 9651 2005